Comunicamos com pesar que o mundo da corrida ficou mais vazio neste final de semana!
Faleceu no domingo (26/08/2012) um dos mais entusiastas e praticante de corridas de rua da Bahia e do Brasil, Ayrton Ferreira dos Santos.
Ayrton Ferreira foi durante muito tempo colaborador de uma das mais antigas publicações sobre corrida de rua no Brasil, a revista Contra Relógio.
Engenheiro de profissão, estudioso do assunto “corrida de rua” e entusiasta por natureza, Ayrton Ferreira sempre publicou seus artigos na revista Contra Relógio de forma muito técnica.
Com textos objetivos e de forma sempre vibrante, numa época na qual havia poucos treinadores de corrida de rua, Ayrton ajudou a muitos corredores que, ávidos por suas matérias, compravam a revista para ter seus textos como referência e até base para os seus treinos.
“Pouco antes do lançamento da Contra Relógio, em outubro de 1993,
Ayrton foi contatado por mim, para saber de seu interesse em escrever
na revista sobre treinamento. Aceitou na hora e mensalmente publicávamos
sua seção, uma das mais lidas, por vários anos. Ficaram famosas suas
planilhas de treino, notadamente as voltadas para maratona, e que
ajudaram milhares de corredores a enfrentar bem os 42km”, comentou Tomaz Lourenço, editor da revista Contra Relógio.
Ayrton de forma sempre muito dedicada fez parte da “Turma da Madruga”, grupo que praticava o pedestrianismo nas primeiras horas da manhã na orla da Barra, em Salvador.
Esse grande incentivador das corridas de rua participou e foi decisivo na criação da AVAB (Associação dos Veteranos de Atletismo da Bahia). De forma também importante foi um dos mentores da tradicional Corrida dos Engenheiros, promovida anualmente, desde muito tempo, pelo Clube de Engenharia da Bahia.
Ayrton Ferreira, participando da Corrida Duque de Caxias (Foto: Tomaz Neto)
Além de toda essa entrega às corridas de rua, Ayrton Ferreira ainda deixou eternizada a sua paixão pelas corridas de rua, escrevendo quatro livros que, pioneiros no assunto, fazem parte de forma obrigatória do acervo da literatura sobre corrida de rua no Brasil.
Os quatro livros publicados foram: “Porque correr”, em 1979, “Diário do corredor”, em 1980, “Maratona”, em 1984, e “A mulher na corrida”, 1990, texto no qual faz referência a Angela Pelosi em alguns trechos.
Um grande amigo, um grande homem, um corredor amante do que fazia nos deixou exatamente num domingo, dia da semana que sempre foi o que mais praticava nosso desporto preferido em inúmeras corridas e maratonas por ele realizadas...
A cada maratona que fazíamos, Ayrton com os olhos brilhantes de um menino, sempre nos perguntava sobre nossos tempos e sempre nos dedicava uma atenção generosa para saber os detalhes da prova. Com palavras frequentemente elogiosas fazia menção com uma elegância ímpar dos nossos resultados finais...
Toda a comunidade de corredores do Brasil vive hoje o seu luto! O meio da corrida de rua fica, com certeza, mais empobrecido com a sua partida.
No início da tarde de hoje, junto aos familiares, ao lado de um punhado de amigos, numa rápida cerimônia religiosa, com olhos que insistiam em permanecer marejados, presenciamos o seu corpo partir para a largada em direção a um novo pórtico de chegada...
Ayrton Ferreira, durante a Corrida de Verão - Seletiva São Silvestre (Foto: Tomaz Neto)
Ayrton, siga em paz nesse seu novo percurso e muito obrigado por tudo que fez em vida pela corridas de rua.
"Aquilo que está escrito no coração não
necessita de agendas porque a gente não esquece.
O que a memória ama fica eterno."
(Rubem Alves)
André Araújo e Angela Pelosi
Agosto 2012